O calvinista afirma que Deus decretou tudo o que acontece no universo, de modo que cada ato de estupro, incesto, pedofilia, roubo, violência, assassinato, adultério e injustiça teria sido meticulosamente planejado e ordenado por Deus desde a eternidade para serem estritamente executados por seres humanos que não passariam de marionetes em suas mãos.
No entanto, enquanto um calvinista tem a coragem de ensinar que Deus teria planejado e ordenado os atos bárbaros dos hebreus que foram capazes de sacrificar seus filhos no altar de Baal, o próprio Deus, por sua vez, defendendo-se desta insana acusação, diz que estes tais “construíram nos montes os altares dedicados a Baal, para queimarem os seus filhos como holocaustos oferecidos a Baal, coisa que não ordenei, da qual nunca falei nem jamais me veio à mente”. (Jeremias 19:5 NVI).
“Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma.” (1 Jo 1.5).
A questão do mal no mundo é difícil de ser compreendida. Muitos perguntam: “Se Deus é Onipotente, santo e bom, por que existe o mal no mundo?” Bem, sabemos que Deus não é o criador do mal. Tudo o que Deus fez era bom como nos ensina Gênesis 1:31 “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia”. E Eclesiastes 7:29 diz: “Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias.”
Deus poderia ter criado todas as coisas programadas para darem certo. Poderia ter criado os anjos e os homens como robôs, programados para obedecerem, incapazes de se rebelarem. Mas as expressões de amor, louvor, devoção e serviço destes seres seriam artificiais e “sem graça”, ou seja, sem significado real. Deus, em sua soberania, resolve criar seres angelicais e humanos com o atributo do livre-arbítrio, mesmo ciente das conseqüências: surgimento do pecado, crimes, doenças, guerras, fome, tristeza, etc… É um preço alto a se pagar, mas vale a pena a fim de que muitos dentre todos os homens livres possam, no decorrer da História humana, ser resgatados por terem acolhido a promessa e amado a Deus sobre todas as coisas. Ninguém pode ser livre só para obedecer. Liberdade implica em opção e escolha.
Que Deus respeita o livre-arbítrio humano é claramente visto em Jeremias 13.11: “Assim como um cinto se apega à cintura de um homem, da mesma forma fiz com que toda a comunidade de Israel e toda a comunidade de Judá se apegasse a mim, para que fosse o meu povo para o meu renome, louvor e honra. Mas eles não me ouviram”; E também em Mateus 23.37: “… Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram”.
Neste mundo, assim como Jó, todos nós estamos sendo provados e experimentados na questão do grande mandamento: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mateus 22:37). Observe que a grande questão do livro de Jó está relacionada a pureza e a lealdade do amor de Jó por Deus, como vemos na dúvida lançada por Satanás: “Então, respondeu Satanás ao SENHOR: Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1.9-11). Temos muitas opções, somos livres para escolher, portanto, quando amamos a Deus e respondemos positivamente ao seu chamado, isto é cheio de significado. Este relacionamento entre Deus e o homem é cheio de afeto. É algo tremendo!
Portanto, Deus criou tudo perfeito, o mal no universo existe como uma perversão dos seres angelicais e humanos, e que só pode ser entendido dentro do propósito último de Deus.
Bispo José Ildo Mello
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